Você é ‘viciado’ em tecnologia?

Quando até mesmo a comunicação familiar começa a existir apenas via smartphone, é hora de analisar a situação

É hora do almoço. Os pais e os filhos estão sentados em volta da mesa, mas no lugar de se olharem, estão olhando para os smartphones. Em outro momento do dia, enquanto a mãe troca mensagens via WhatsApp, o filho adolescente permanece há horas na frente de um computador. Se cenas como estas acontecem em sua residência, não custa nada refletir um pouco a respeito dos limites do uso da tecnologia.

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“A internet e a tecnologia podem ser maravilhosas, são cortinas se abrindo, mas como tudo na vida, se forem mal usadas têm potencial de risco imenso”, avalia a psicóloga clínica Mariuza Pregnolato.

“Vivemos uma situação inusitada, onde tudo muda muito rápido e é preciso cuidado com os excessos. No caso de pais que deixam as crianças conectadas até na hora das refeições, a gente percebe que elas podem não ser capazes de detectar expressões faciais, especialmente pré-adolescentes e adolescentes. Eles não sabem por exemplo, em uma conversa, quando é hora de parar com determinado assunto porque não está agradando. Não sabem identificar emoções, porque elas têm sido substituídas por emoticons, e é a troca emocional que nos dá lastro”, diz.

Onde a dependência começa

Na casa de Dona Teresinha o problema é com a neta, que fica trancada horas no quarto navegando na internet e, quando está em um ambiente com os outros moradores, sequer tira os olhos da tela do celular. “Já estamos ficando preocupados. Os pais falam, brigam, mas tudo continua igual”, explica.

De acordo com Mariuza Pregnolato, a dependência começa em função da exposição, que deveria ser controlada. “O cérebro humano busca prazer e quer repetir as experiências que foram boas. Especialmente para as crianças, os dispositivos tecnológicos costumam ser muito atraentes. Uma tela de smartphone é algo muito legal, as plataformas são amigáveis, e a criança vai vendo o que acontece a cada toque. Se os pais deixarem, ela vai manipular e aprender rapidinho, antes mesmo da alfabetização.”

Dentro dos limites

Para que a exposição a estes aparelhos não cause problemas dentro de casa, o ideal é estabelecer alguns limites, como avaliar com cuidado o material a que a criança tem acesso – e que deve estar de acordo com a faixa etária -, escolher aplicativos estimulantes mas que sejam controlados pelos pais, e estabelecer horas de desconexão durante o dia.

“Atividades ao ar livre são fundamentais para que a pessoa ganhe visão de mundo, corpo forte, equilíbrio, assim como a troca emocional entre as crianças e adultos”, explica Mariuza.

Outro ponto importante é dar o exemplo. “Deve-se estimular outras atividades e horas de desconexão durante o dia, mas tudo vai depender do grupo onde a criança ou o adolescente está inserido, e também dos pais. Há pais que se comunicam via WhatsApp com o filho mesmo dentro de casa. O problema são os excessos”, afirma a psicóloga.

Em alguns casos é preciso avaliar, inclusive, se a dependência tecnológica, seja de um computador, internet, videogame ou TV, por exemplo, já não passou dos limites. Nestes casos até mesmo terapia é recomendável, seja para os mais novos ou os mais velhos. “A terapia deve ser procurada quando estamos em sofrimento ou quando percebemos que temos mais a usufruir e não conseguimos. Devemos procurar quando percebemos que o comportamento está ‘demais’, assim como acontece com outras coisas: a pessoa bebe demais, é agressiva demais, chora demais ou, neste caso, é dependente demais da tecnologia. É preciso fazer uma analogia com outros temas”, conclui Mariuza.

Por um uso saudável da tecnologia

  • Estabeleça limites: em alguns momentos, como durante as refeições, por exemplo, nenhum membro da família deve estar conectado
  • Dê o exemplo: procure estabelecer uma relação “de carne e osso” com os familiares. Não converse apenas via smartphone, chame para uma conversa olho no olho de vez em quando
  • No caso das crianças, escolha os aplicativos compatíveis com a faixa etária e supervisione o uso
  • Tente organizar e estimular algumas atividades ao ar livre que tenham participação de toda a família

Imagem: Uol Tecnologia

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