Perspectivas de carreira

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AUTOCONHECIMENTO AMPLIA PERSPECTIVAS DE CARREIRA

Em que consiste o autoconhecimento?

Trata-se de aprender sobre nós mesmos num nível tão profundo, que torna-se possível reconhecer e distinguir o que é nosso daquilo que nos foi imposto pela socialização, trazendo coragem e sabedoria para lidar com tudo que é desconhecido e novo e que, inconscientemente, abrigamos dentro de nós. Isso inclui nossos medos e melhores aspirações, “nossa sombra e nossa luz”, nas palavras de Jung, enfim, nossa inteireza. O resultado desse processo é a realização pessoal, isto é, tornar-se um ser autônomo, com elevada autoestima, eficiente gestor de sua própria vida.

Qual a melhor forma de os profissionais se autoconhecerem?

A forma mais eficaz é fazendo terapia, porque o espaço psicoterapêutico é um grande facilitador de insights, por estimular diferentes possibilidades de reflexão sobre os fatos e as emoções. Além disso, amplia significativamente as perspectivas para se analisar cada questão, enriquecendo o olhar a tal ponto, que as dinâmicas internas, antes desconhecidas por serem inconscientes, passam a ser reconhecidas, instrumentalizando a pessoa para atuar melhor no mundo. 

Como o autoconhecimento influencia na carreira profissional?

Diretamente. Por exemplo, numa situação de estresse e alta pressão psicológica, ao invés de uma reação impulsiva  e impensada posso atuar adequadamente e com confiança porque consigo tomar as rédeas da situação evitando, assim, uma auto-sabotagem que antes nem sequer perceberia.

Outro grande diferencial é a capacidade de tomar decisões difíceis e solitárias e conviver com elas de forma a se autogratificar. Isso é possível somente quando se adquire a consciência de estar agindo em respeito às suas próprias convicções. A pessoa que se conhece bem assume riscos com muito mais ousadia e desenvoltura, responsabilizando-se pelos resultados obtidos; também possui um lastro de autoestima e sentimento de segurança que produz satisfação pessoal e, embora não seja esse o objetivo principal, acaba gerando grande admiração daqueles que estão ao seu redor.

As pessoas costumam formar uma concepção da própria personalidade a partir daquilo que elas enxergam de si mesmas e do que os outros pensam sobre ela. Como equilibrar esses dois conceitos para ter uma visão melhor de si mesmo?

Nossa identidade é construída, desde o berço, a partir do olhar do outro. Assim, desde cedo aprendemos a perceber e repetir aquilo que agrada o mundo externo. Essa dinâmica que, por um lado, é responsável pelo sucesso de nossa adaptação social e sobrevivência, por outro determina um padrão de comportamento que dificulta nossa percepção do que é genuinamente nosso desejo, visto que tendemos sempre a querer o reconhecimento do outro. É justamente com o autoconhecimento que conseguimos alterar esse padrão para identificar o que é o nosso desejo e o que é o desejo do outro e, visto que ambas as referências são importantes, a tarefa seguinte é enxergar com clareza qual desses conteúdos é mais adequado numa determinada situação. E quando aprendemos a fazer essa distinção, certamente a visão que temos de nós mesmos é a mais verdadeira possível.

Tenho notado que a ansiedade é bastante citada. Você acha que ela é um dos principais problemas que afetam os profissionais? Por quê?

Afeta muito, sim. O excesso de ansiedade impede o profissional de canalizar toda sua energia (atenção, tônus, memória, recursos diversos) para a atividade do momento presente, gerando um desempenho aquém das suas reais possibilidades. Isso ocorre porque parte de seus recursos internos estão difusos (possivelmente prejudicados por temores, crenças limitantes, pensamentos negativos, inseguranças, traumas, etc.), isto é, não se ocupam das questões que têm a ver com aquele momento, em vez disso se pré-ocupam com outras que estão em outros âmbitos que não a situação atual em si.

Em momentos de dificuldade emocional, quais atitudes o profissional deve tomar para que isto não afete seu lado profissional e sua produtividade?

O ideal é retirar-se por alguns minutos da situação e realizar algum exercício de relaxamento, até readquirir condições normais de respiração e batimento cardíaco (é fundamental aprender algumas técnicas de apaziguamento interno para poder usá-las quando necessário – são rápidas de fazer e muito eficazes, quando treinadas previamente). A seguir, analisar o quadro que gerou a angústia buscando visualizá-lo de fora, enxergando toda a dinâmica como se não estivesse fazendo parte dela, apenas como crítico. Dessa perspectiva, tentar identificar qual a melhor estratégia para a atuação do personagem que está desempenhando o seu papel. Relaxado, refeito e visualizando mais objetivamente como deve atuar, voltar e assumir sua posição com confiança.

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Mariuza Pregnolato em entrevista ao site www.oamarelinho.com.br

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